segunda-feira, 30 de julho de 2012

Criação

Com a força da Palavra
o tangível foi criado,
no transcorrer dançante
de infinitos sete dias.
E no descanso merecido
da garganta que ardia,
assoviaram em bicos
borboletas coloridas,
quebrando o intangível
murmúrio do silêncio.
Nasceu assim para os
olhos o bicho Poesia,
que já era nascido no
invisível das eras,
sendo Criador antes de ser cria.

Moenda

E na moenda
da Poesia
emendo versos,
triturando
restos de mim
que não prestam.

Horizonte

Vou-me embora
para o Poente,
ser vizinho
do Horizonte.
Lá onde o Sol
ainda é quente
quando o dia
aqui se esconde.

sábado, 28 de julho de 2012

Lembrança

Saio das grades
e coloco-me
entre grandes,
almejando um dia
ser pequeno.
Saio da
insignificância
na ânsia de ser
uma criança ou,
ao menos,
uma lembrança.

Abriu-se

A partir de um
simples ato,
parti o que
estava intacto.
Abriu-se o muro
tão ingrato,
que me tirava
do meu regaço.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Clave de planta

Em uma clave de planta
colhi uma Música.
Plantei-a no meu coração.
Sete notas depois,
nasceu uma rosa.
Murcharam a tristeza
e a desilusão.

Ampulheta

tic-tac
tic-ta
tic-t
tic-
tic
ti
t
te
tem
temp
tempo
tempot
tempote

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Tamanho

Altos
ou baixos.
Grandes
ou pequenos.
Somos
do tamanho
daquilo
que lemos.

Entretenimento

Em palavras
anoiteço
e do tempo
esqueço,
diante
do livro
que agora
conheço.

Virada

De farturas 
a securas, 
basta uma 
virada
de página.

Limiar

Limiar é uma linha 
que termina o Sol 
e começa o Mar.

Vagando

Cabeça vaga 
em páginas. 
Mente antes vaga, 
preenche-se.

Guarda-chuva

E de repente 
a lágrima pingou 
e virou chuva 
na folha branca.
Guardei-te da chuva
e da lágrima.

Lúdico

Lúdico é um bicho 
que tem nariz de palhaço, 
cabelo colorido, 
cheiro de algodão doce
e gosta de poesia.

Folhações

Corações em folhas, 
unidos pelo 
caule família, 
alimentados
pela seiva doce
da Árvore da Vida.

Casamar

A menina casou-se 
com o Mar. 
E em Mar transfigurou-se, 
diante do altar.

Equilivro

Em bambas cordas 
me equilibro, 
com a sabedoria 
de um livro.

Palhaço

Há uma pitada 
de coisas pintadas 
em mim, 
fazendo-me
palhaço de
mim mesmo.
Avesso.

Jeito

Gesticulados passos
de poeticados versos,
escritos com o dançar
dos teus sublimes gestos,
sem tintas,
com afetos.

Realidade

A Poesia, 
que estava 
no sangue, 
subiu à pele
e a manchou.
Bateu asas,
num rompante
de liberdade,
e a realidade
alcançou!

Minguolhos

As coisas muito boas 
são sempre muito poucas,
diante de olhos minguados.

Leitura noturna

E no buraco 
da noite 
pus-me a ler, 
enquanto a Lua,
cheia e serena,
pôs-se a me ver.

Pé de nuvens

Com os pés 
nas nuvens 
imaginei, 
em Poesia,
um pé de nuvens.

Girafa

E quem diria 
que um dia 
a Girafa secaria 
e uma torre 
então seria?

Flerte poente

O Sol piscou 
pra mim 
num repente 
quando ia
se indo
no poente.

Sofrimento

Hoje dei de cara 
com o sofrimento 
estampado em um rosto. 
No resto de um alguém
que rompeu consigo,
sem intento.
Rompimento descarado,
movido por
descontentamentos
sem faces,
adquiridos nas
muitas faces
do sofrimento.

Sol estrelado

Quando restar 
uma casquinha 
de sol 
no pôr-do-sol,
vou raspar bem rápido
com a colher
e jogar na frigideira,
pra fazer
sol estrelado.

Desabrochar

Em pétalas 
de páginas 
desabrocha 
a flor do
conhecimento.

Muro

Em cada página que passo, 
uma porta que abro. 
Em cada livro que abro, 
um muro que passa.

Queda

Em letras 
despenco 
na imaginação.

Ferias

Tirei férias de mim. 
Ando por aí, 
com nariz de palhaço, 
sendo eu mesmo.

Nuvem

Anuviado estava 
quando a Nuvem 
apareceu. 
Desanuviado fiquei
quando em suas
tranças balancei.

Arfante

Caro senhor Doutor,
por favor ausculte 
o meu coração
ainda infante, 
e verifique se
há em meu peito
ainda alguma chance
de arfar com
seus pulmões
um tanto quanto
auriculantes,
ventriculados
pelas venosidades
da vida,
das veias,
dos ventos
congelantes.

Sensível ao toque

Telas sensíveis 
ao toque. 
Somos todos. 
Porém, 
insensíveis
e intocáveis.

Entre

Entre vidas
e entre livros,
entra o 
conhecimento
entre livres.

Canta Vento

Canta Vento

Voando voraz 
vem o Vento 
e logo 
tudo o que é 
"v" vira "f"
fazendo as folhas
das figueiras
farfalharem
com força
num fantástico ffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff

Casa

Em cada casa, 
um caso.
Em cada caso, 
um livro.
Em cada livro,
uma casa.

Amorligência

A inteligência
do Amor
não cabe
entre o “r” e o “o”
da razão.

Achado

Divagações 
perdidas 
nas asas 
de uma 
borboleta.
Foi onde me encontrei.

Pracinha

Idas e vindas,
entrelaço de mãos
ao som
de andorinhas,
à tardinha,
na pracinha.

Ilustres

Ilustres 
lustres 
de uma 
cidade 
ilustrada.

Ventegas

Fiz cócegas 
nas axilas 
do Vento. 
Ele se riu, 
em sopros.

Vara

Ganhei uma 
vara torta 
de Graça,
e fui pescar 
em mares
subconscientes,
soterrados,
onde nadavam
palavras vistas
em momentos
de outrora,
cheias de
cunhos vernáculos
desconhecidos,
mergulhados,
significados.

Voarmelhor

O pôr do Sol 
facilita o voo 
das andorinhas. 
Voam melhor 
em vermelho.