segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Visita

E de repente vem um anjo descendo do céu...
Valei-me!
Quem sois, emplumado?
Será o anjo da anunciação, querendo o meu sim?
Ou será um anjo ladrão, querendo o meu não?
Leve tudo que eu tenho, alumiação!
Só num leve a minha vida, porque eu quero viver mais um pouquinho,
se for da permissão de vosso Patrão!
Chegou tão cedo que num deu tempo nem de arrumar a casa.
Só pode ser o anjo do desaviso!
Por que num ligou antes?
Teria matado um capote pra comer ensopado: tôfraco-tôfraco-tôfraco.
Ai, como eu tô fraco, anjo, pra dizer sim ou não!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Leitura

Gostoso esse livro!
Tava com fome.
A palavrasina e a palavralida, enzimas do saber,
já estavam corroendo as paredes dos fatos, fazendo um buraco no estrombo e nos intestino.
Úlcera da ignorância!
Livro bom é aquele que nunca desatualiza
e livro ruim é aquele que não existe.
O meio-termo é só uma história que ainda não acabou. Falta metade.
E quem há de contá-la? Quem há de lê-la?
Só depende da televisão!
Televisão rima com prisão.
O bom mesmo é ver o bebê. Se botar um “b” a mais vira bagunça.
Libertai-vos!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Mão-jedoura

Deita aqui, Menino, na palma da minha mão!
Tá cheia de palha seca de coqueiro, quentinha.
E na mamadeira tem água de coco bem docinha, pra tirar o amargo da Cruz.
Deita aqui pra eu ficar amanhecido.
Coisa boa é esse gostinho de dia que amanhece!
Deita e deixa de chorar, porque eu já deixei.
Deixei quando a rã começou a cantar por entre os caibros do telhado: crac-crac-crac.
Trombeta franciscana, anunciando a Boa Nova!
Igual rolinha cantando nos cajueiros: fogo-pagou-fogo-pagou.
Bem-te-vi, Menino!
Ainda bem que eu te vi!
Deita e dorme um sono santo, embalado pelo compasso do vai e vem da mão que te balança!
Balancemos! E ninemos o Menino desconsolado pelos desconsolos deste mundo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Transubstanciação

Ai como é bom um versinho espremido em cima da mesa, quentinho no prato!
Reverso do criador,
transubstanciação da criação.
Carne que, quando elevada ao Alto, torna-se verso.
Dor que vira Arte,
desencontro desprovido de “des”.
Verso que nasce na velocidade do pensamento
ou quase
limitado pela ação dos movimentos.
Como a Graça.
Verso de Graça,
disponível a todos que tem a coragem divina de elevar-se,
negar-se,
desfazer-se,
transubstanciar-se,
transubstanciARTE.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Fiat

Mulher, tu deu teu sim, foi?
Ah, é por isso!
Os luzeiros todos acessos lá pras bandas de cima
Hoje vai ter Festa!
Som de harpas no ar
risadinhas de anjos saltitantes
A rolinha cantou: Fogo-pagou!
e os querubins acenderam a fogueira novamente
Vento forte, esse Pentecostal!
Prenúncio do Porvir
quando o fiat se for!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Seriedade

Disseram-me que escrever poesia não é coisa de gente séria
Num é mesmo não!
Escrever poesia é coisa de quem vive
Vive a Vida Eterna
Morre e ressuscita no terceiro dia
Tem poeta maior do que Este?
Criou sete poesias só com a força da Palavra
Faça-se!
Frutificai e multiplicai-vos!
E o Poeta viu que tudo isso era bom!
Um dia vou escrever assim
Ai de mim!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cativeiro

Acorda, Sinhá!
Cativeiro acabou.
Cebola é boa pra temperar. Liberdade é ainda melhor!
Corre que o Mar se abriu!
Gostinho bom de cabelo ao Vento.
Faraó virou pirão, com carro e tudo!
Coisa boa é Terra Prometida!
Melhor ainda quando é cumprida
no comprimento da Estrada da Vida.
Eita, que lá na frente tem outra cela
sem grades, sem cadeias
Cativeiro do Amor!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cegueira

Dessa vez o peixe quase me engoliu
Valei-me, meu São Rafael!
Eu só queria viajar em Paz
Traz aí um pedaço dessa vesícula, pra curar a cegueira dessa gente!
Povo sem discernimento
E a mulher chorando em casa
Sofrimento dói, mas passa
Ninguém sabe o dia e nem a hora
Basta-me a Tua Graça
e o anjo que me abraça.
No mais, tudo passa!
Teresa que o diga.
Abram os olhos!
Uma gota de vesícula já cura!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sabedoria

Eita, que a Sabedoria num tá na cabeça do homem!
Nem tá na tigela do bicho que come!
Vai comprar, besta, na bodega!
Num tem não.
Só bolacha e rolo de fumo.
A vida é dura!
Seriguela só no tempo.
Sabedoria é fruto que dá lá no olho da Mangueira
lá em cima
só se alcança com vara longa
Na plenitude dos tempos, deu em Manjedoura.
Sabedoria da boa!
Ah, frutinha doce, um dia vou te provar!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Minguante

Chega de luas minguadas
sombras e penumbras, que sejam rasgadas!
Retalhos de negros tecidos queimados pelo fogo que arde debaixo do monturo da casa
fogo que não se extingue!
Ô de casa...
Abre a porta pra Vida! Faz tempo que a pobre tá do lado de fora, levando sereno!
Entra, Vida, e estica as tuas canelas ressequidas!
Enxuga o teu rosto molhado.
Traz aí uma toalha, Maria!
Aquela azul!
Menino, eu quero é a Lua Cheia!
Refletir por inteiro a Luz do Astro adorado!
Iluminai-me!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pressa

E em um segundo a humanidade quer resolver todos os seus problemas.
Por que não em um terceiro?
Ou em um quarto?
Neste último, a sós, retirada dos excessos de companhias, na companhia exclusiva da presença de espírito do Espírito.
Santo Espírito!
E por falar em último, os derradeiros terão sua vez!
Derradeiremos, pra embarcarmos no primeiro pau-de-arara!
Aquele que vai avoar!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Envia-me

Envia-me, Senhor,
por este enorme oceano de intranquilidades,
assolado por tantos tufões e tempestades,
onde mergulham Teus Filhos de tão tenra idade.

Envia-me, Senhor,
nesta Santíssima Barca da Fraternidade,
levando a Palavra e remando com a Verdade,
guiado pelo leme da Tua Santa Vontade.

Envia-me, Senhor,
para lançar as redes sociais no lado correto,
fazendo com que elas sigam um caminho certo,
participando assim do Teu Divino Projeto.

Envia-me, Senhor,
para arrastar os grandes Peixes às ilhas digitais,
que contêm tantos jovens náufragos antissociais,
tão necessitados de Teus Cuidados Maternais.

Envia-me, Senhor,
para conter as drogas que avançam numa mancha
e o navio dos desejos que mina a esperança
da Juventude atada às festas da ignorância.

Envia-me, Senhor...
E na hora que a força me faltar para remar,
dá-me Fé para por sobre as águas caminhar,
para levar tantos irmãos ao Teu Sagrado Mar.