O coração bate forte, acelerado! As mãos suam. A boca seca. Inquietação boa de criança que está prestes a receber o presente que viu escondido no guarda-roupa do quarto dos pais. A hora chegou! O embrulho será entregue.
Corro ao meu assento e finjo que de nada sei. Vejo o Pai aproximar-se com as mãos para trás, escondendo com o seu corpo o segredo que, em poucos minutos, será revelado. Ao lado dEle, vem a Mãe, disfarçando o doce sorriso de quem já sente a Felicidade transbordando das feições do Filho.
Após alguns poucos e compassados passos, dados neste tão longo corredor de esperas que separa o quarto da sala onde estou, os dois finalmente chegam e colocam-se a minha frente. Lado a lado. Serenos. O Pai, com seu Divino sorriso nos lábios, passa o presente a Mãe, que o recebe e já estende, sem demoras, suas humanas mãos em minha direção.
Recebo o tão aguardado embrulho. Pequenino, enrolado em papel azul de forma simples. Azul da cor de um certo Manto. Santo Manto! Com uma fitinha vermelha envolvendo-o. E a cor desta última? Ah, lembra o vermelho vivo do Sangue que brota de um Coração que não se cansa de amar! Detalhes preciosos deste pequeno ato. Caprichos da Divina Simplicidade!
A Felicidade, digna de qualquer criança nestes sublimes momentos, me impulsiona a rasgar por completo o pacote. Rapidamente, à medida que os pedaços de papel voam pelo ar, o que estava escondido vai revelando-se, em raios de uma luminosidade incrível. Tomo então conhecimento do presente! É tão pequeno e tão completo. Tão pedido e tão aguardado. De asas pequenas, penas brancas e brilhantes, eis a minha sublime prenda, chamada Graça!
Um forma engraçada de falar de uma coisa que já ninguém ouve e que nos faz pensar.
ResponderExcluirAqui somos levados por formas e desejos humanos, mas no final a graça é isso mesmo e o pai sorridente é Deus