Era tarde da noite
quando o Sol ainda brilhava,
repartindo o Pão entre os seus.
Lá pelas tantas,
foi para o jardim,
junto com o Pardal,
o Bem-te-vi
e o Beija-flor,
e angustiou-se,
começando a se pôr.
Adentrou ao outro dia
numa penumbra
vermelha de sangue,
coroado de espinhos
e de chicotes.
Se pôs às três da tarde,
no topo do monte da Cruz,
e então escureceu,
por completo.
Mundo virou noite,
na nona hora do dia.
E permaneceu assim,
por horas sem fim.
Na madrugada do
terceiro,
o Sol acordou num repente,
vestiu-se de branco,
removeu a pedra
e raiou no Oriente,
para a surpresa dos Ausentes,
rasgando o véu do Poente,
reinando para sempre
no Nascente.
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