terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sina












Ah, Sina,
Ensina-me a ser Cristão

Ensina-me a despertar os irmãos
Adormecidos na vigília da noite

Ensina-me a dobrar os joelhos
Para melhor orar minhas orações

Ensina-me a beber dos cálices
Que não podem ser afastados

Ensina-me a suportar as supremas angústias
Ladeadas pelos azeites das ilusões

Ensina-me a suportar os falsos beijos
Dados em troca das pratas do mundo

Ensina-me a suportar as traições da vida
Provindas daqueles que amo

Ensina-me a suportar os açoites
Que arrancam pedaços da minha carne

Ensina-me a usar a coroa de espinhos
Que adorna as cabeças dos escolhidos

Ensina-me a suportar os injustos julgamentos
Que lavam mãos, mas não lavam corações

Ensina-me a carregar a Cruz
Que pende nas minhas costas

Ensina-me a caminhar pelo Calvário
Com os pés carentes de calçados

Ensina-me a levantar das quedas
Ainda que falte um Cirineu

Ensina-me a suportar os pregos do madeiro,
Antes estes àqueles que me prendem ao chão

Ensina-me a reconhecer a bondade
Dos tidos como malfeitores

Ensina-me a entranhar os vinagres
Que me servem para saciar minha sede

Ensina-me, sobretudo, a perdoar
aqueles que gritam: Crucifica-o! Crucifica-o!

Ensina-me, Sina, todas estas coisas.
E quando o último suspiro de minha humanidade
Estiver prestes a suspirar,
Quando a entrega do meu espírito
For tudo o que eu puder entregar,
Quando tu, ó Sina, se completar...
Cansaço, choro, murmuração?

Não!
Regaço, Consolo, Salvação!
O final de todas as coisas,
Final que não tem fim.
De uma vida de passagens
A uma Vida de ficagens
Eis a Sina do Cristão.

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