Abre-te, Céu-que-amo! Chegou o ladrão de Bagdá! Ou seria daqui mesmo? Bem, não importa. O que importa é que roubei para mim a vida que Tu me cedeste. Agora, arrependido, nas tuas entranhas quero entrar, para os Teus riquíssimos Tesouros contemplar.
Venho guiado pela doce voz da Virgem, Esposa de Vossa Alteza! Senhora nossa! Xerazade? Não, Cheia de Graça! E venho só, pois os outros quarenta ficaram no caminho. Encantaram-se com os desencantos da vida.
Vim navegando pelos sete mares, simbadeando os obstáculos e as dificuldades deste mundo. Nada de tapetes voadores. Estes foram puxados dos meus pés, pelas mãos invejosas que buscam derrubar os Filhos andarilhos. E andam voando por aí, buscando outros tapetes para puxar, outros alguéns para derrubar.
E tantas lâmpadas esfreguei em busca do teu Santo Gênio, teu Santo Espírito! Ele que realiza prodígios através da nossa fraca humanidade. Ele que escuta os nossos mais íntimos desejos e realiza apenas aqueles que nos levam a verdadeira Felicidade. Desejos que se adequam a Tua Santa Vontade. Acende a minha lâmpada, Santo Gênio, para que eu seja Luz do Mundo!
Tantas histórias de príncipes e princesas presenciei. Tantas aventuras com mercadores, ladrões e pescadores! Tantas e tantas que me fogem a lembrança, pois longa foi a andança.
E depois deste imenso percurso de mil e uma noites, eis-me aqui, Abba, às Tuas portas, dizendo: Abre-te, Céu-que-amo, Teu filho quer entrar!