Queria escrever algo de encantador.
Qualquer coisa que despertasse o leitor.
Que transpusesse as redes da retina
e escoasse para o coração,
aquele órgão pulsador.
E que lá fosse transformado em calor,
fulgor, ardor, dor,
ou em qualquer outra coisa que lembrasse o Amor.
Assim, cumpriria devidamente
a minha sina de escritor,
que sou, ou que ainda não sou,
colocando sentimentos em folhas de papel.
Não estas folhas branquinhas
que costumamos beijar com
a ponta do lápis.
Mas aquelas folhas incolores,
que batem em peitos tão frios,
tão voláteis.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Musicado
Bem maior com beijo.
Amor sustenido bemol.
Bem mais.
Sustenido e sustentado.
E Fé menor não presta,
causa dissonâncias,
relutâncias.
Menores, só nós.
Mi menor.
Sem Dó.
O que destoa é ficar à toa.
Acordo,
levanto em acordes
e luto sem falsetes,
em Verdade.
E sem Ré,
pois o tempo
só vai de ida,
em compassos,
subindo tons.
Desarmonias e agonias?
Pra quê, se tenho Força em Ti?
E em Ti não trastejo.
Ti maior com esperança aumentada,
cada vez mais,
partindo de Cá,
sem ar(Fá)r,
em busca de Lá,
do Lar,
do Céu suspendido bem bom.
Amor sustenido bemol.
Bem mais.
Sustenido e sustentado.
E Fé menor não presta,
causa dissonâncias,
relutâncias.
Menores, só nós.
Mi menor.
Sem Dó.
O que destoa é ficar à toa.
Acordo,
levanto em acordes
e luto sem falsetes,
em Verdade.
E sem Ré,
pois o tempo
só vai de ida,
em compassos,
subindo tons.
Desarmonias e agonias?
Pra quê, se tenho Força em Ti?
E em Ti não trastejo.
Ti maior com esperança aumentada,
cada vez mais,
partindo de Cá,
sem ar(Fá)r,
em busca de Lá,
do Lar,
do Céu suspendido bem bom.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Tigela
Uma mesma tigela,
sem brigas,
sem querelas.
Sonho que se abriu
numa janela,
revelando o
cumprimento
da promessa
de uma vida
sem trevas,
sem misérias.
Inimigos
de braços dados,
cão e gato,
sem prantos,
partilhando cuidados.
sem brigas,
sem querelas.
Sonho que se abriu
numa janela,
revelando o
cumprimento
da promessa
de uma vida
sem trevas,
sem misérias.
Inimigos
de braços dados,
cão e gato,
sem prantos,
partilhando cuidados.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Tempo
Amarrei o tempo
nos pés do Cristo
e nunca mais morri,
acumulando infâncias,
velhices
e madurices.
Desta forma,
vivo esta
efêmera vida
enquanto matéria,
até quando se forem
todas as minhas veias,
ossos
e artérias,
levados pelo
pó do Vento
e pelos ponteiros
do Tempo
até às portas
das Altas Moradas,
onde desatarei o nó
dos pés do Cristo
e me atarei,
em definitivo,
aos Seus caprichos.
nos pés do Cristo
e nunca mais morri,
acumulando infâncias,
velhices
e madurices.
Desta forma,
vivo esta
efêmera vida
enquanto matéria,
até quando se forem
todas as minhas veias,
ossos
e artérias,
levados pelo
pó do Vento
e pelos ponteiros
do Tempo
até às portas
das Altas Moradas,
onde desatarei o nó
dos pés do Cristo
e me atarei,
em definitivo,
aos Seus caprichos.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Quiçá
Tranquei-me
por dentro de mim,
com todas
as minhas infâncias,
adolescências e,
quiçá,
com minhas velhices.
Deixei a chave
no lado de fora,
quiçá!
Quando era pequeno,
pensava que quiçá
fosse fruta doce
que dá em arbusto.
Como murici,
pulsá.
Quiçá é fruto
que dá em árvore
de possibilidades.
E havendo a possibilidade,
saio de dentro de mim,
quiçá amanhã,
quiçá depois,
quiçá quando Deus quiser.
por dentro de mim,
com todas
as minhas infâncias,
adolescências e,
quiçá,
com minhas velhices.
Deixei a chave
no lado de fora,
quiçá!
Quando era pequeno,
pensava que quiçá
fosse fruta doce
que dá em arbusto.
Como murici,
pulsá.
Quiçá é fruto
que dá em árvore
de possibilidades.
E havendo a possibilidade,
saio de dentro de mim,
quiçá amanhã,
quiçá depois,
quiçá quando Deus quiser.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Infelicidade
E de repente vi
a Infelicidade
sair da toca.
Um buraco velho,
escavado e sem porta.
Estava tocando
flauta doce,
adocicada de sonhos.
E não tinha cara
de infeliz.
Fugi da sua vista,
escapando por um triz.
E olhando de longe,
com olhos de aprendiz,
constatei que a velha
Infelicidade vive
uma vida muito feliz.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Corrente
Avistei a Cruz do Cristo
numa corrente de prata.
Acorrentei-me na corrente,
buscando a salvação.
Mar agitou-se e disse:
"Desacorrenta, menino! Só Jesus!"
Desacorrentei,
ouvindo os gritos
de onda do Mar,
pensando nas pratas
da entrega do Homem,
que saíram do meu bolso.
Cacunda chega pesou
com o peso da Cruz.
"Comunga que passa!",
disse o Sabiá.
Comunguei
e nunca mais olhei
pra corrente de prata.
numa corrente de prata.
Acorrentei-me na corrente,
buscando a salvação.
Mar agitou-se e disse:
"Desacorrenta, menino! Só Jesus!"
Desacorrentei,
ouvindo os gritos
de onda do Mar,
pensando nas pratas
da entrega do Homem,
que saíram do meu bolso.
Cacunda chega pesou
com o peso da Cruz.
"Comunga que passa!",
disse o Sabiá.
Comunguei
e nunca mais olhei
pra corrente de prata.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Mentiras
Despi-me das mentiras
que eu contava
e pendurei-as num cabide,
fechando a porta
do guarda-roupa.
Guarda-mentira.
Fiquei nu em Verdade.
Saí por aí,
despido,
em Verdade trajado,
desultrajado,
encorajado,
despindo a imundície
do mundo.
Clareando o mundo.
Desmundando as mentiras,
colocando-as em cabides,
fechando a porta
do guarda-roupa.
Guarda-mundo.
que eu contava
e pendurei-as num cabide,
fechando a porta
do guarda-roupa.
Guarda-mentira.
Fiquei nu em Verdade.
Saí por aí,
despido,
em Verdade trajado,
desultrajado,
encorajado,
despindo a imundície
do mundo.
Clareando o mundo.
Desmundando as mentiras,
colocando-as em cabides,
fechando a porta
do guarda-roupa.
Guarda-mundo.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Cavalo dado
Ganhei o Presente
de presente.
Hoje.
No instante do agora.
Num repente.
Ganhei até o Passado
de presente.
Mas este não era cavalo dado.
Cavalo enterrado,
nos estábulos desabados.
Desterrados.
Tomei a liberdade
de olhar seus dentes.
Estavam cariados.
Estragados.
Estagnados num tempo descontente.
Ausente.
Penitente.
Inexistente.
Passado.
Passou.
de presente.
Hoje.
No instante do agora.
Num repente.
Ganhei até o Passado
de presente.
Mas este não era cavalo dado.
Cavalo enterrado,
nos estábulos desabados.
Desterrados.
Tomei a liberdade
de olhar seus dentes.
Estavam cariados.
Estragados.
Estagnados num tempo descontente.
Ausente.
Penitente.
Inexistente.
Passado.
Passou.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Curiosidade
A curiosidade matou o poeta.
Foram-se as sete vidas
que achava que tinha.
De uma só vez!
Deixou o pires
cheio de leite,
e o sofá cheio de pelos.
Pelo que contam,
deixou também
outros deleites.
Tudo por Amor,
pelo Amor.
E morreu,
de Amor,
com o Amor.
Foram-se as sete vidas
que achava que tinha.
De uma só vez!
Deixou o pires
cheio de leite,
e o sofá cheio de pelos.
Pelo que contam,
deixou também
outros deleites.
Tudo por Amor,
pelo Amor.
E morreu,
de Amor,
com o Amor.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Dúvidas emplumadas
Hoje não vi nenhum passarinho.
Saíram todos do meu caminho?
O que houve com os bichinhos?
Arranjaram outras vidas pra construir seus ninhos?
Terei sido acometido pela cegueira da humanidade?
Ou será uma sorrateira preocupação que me invade?
Serão os oftalmo-problemas da terceira idade?
Dúvidas ao cair da tarde.
Espero que a graça de mim não fuja!
Já vem a noite e gostaria de uma ajuda,
mesmo que venha pelo piado triste da amiga coruja.
Saíram todos do meu caminho?
O que houve com os bichinhos?
Arranjaram outras vidas pra construir seus ninhos?
Terei sido acometido pela cegueira da humanidade?
Ou será uma sorrateira preocupação que me invade?
Serão os oftalmo-problemas da terceira idade?
Dúvidas ao cair da tarde.
Espero que a graça de mim não fuja!
Já vem a noite e gostaria de uma ajuda,
mesmo que venha pelo piado triste da amiga coruja.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Cadente
Caiu uma Estrela
no meu quintal,
num repente.
Brilho reluzente.
Cadente.
Vaga-lume assustou-se
com o parente,
e louvou a Deus
por tão brilhante presente.
Vaga lembrança
de uma criança contente.
Sorridente.
Surtos de memória
de um adulto cadente,
que ainda guarda
os Fachos daquela
noite diferente,
lá dentro
do coração ausente.
Expectante.
Latente.
no meu quintal,
num repente.
Brilho reluzente.
Cadente.
Vaga-lume assustou-se
com o parente,
e louvou a Deus
por tão brilhante presente.
Vaga lembrança
de uma criança contente.
Sorridente.
Surtos de memória
de um adulto cadente,
que ainda guarda
os Fachos daquela
noite diferente,
lá dentro
do coração ausente.
Expectante.
Latente.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Alpendrado
Hoje amanheci
avarandado.
Alpendrado.
O Vento soprou
pelos quatro cantos,
levantando a varanda
da rede,
num falsete.
Vento agudo,
cantante!
Dons em ramalhete,
entregue e servido
em domicílio,
num banquete.
avarandado.
Alpendrado.
O Vento soprou
pelos quatro cantos,
levantando a varanda
da rede,
num falsete.
Vento agudo,
cantante!
Dons em ramalhete,
entregue e servido
em domicílio,
num banquete.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Roça
Vi o anjo com a enxada na mão,
roçando o roçado.
Era noite.
Sai do sereno, anjo,
vai pegar um resfriado!
Deixa essa roça!
Veio trazer sementes,
pra plantar no meu quintal.
E plantava.
Sai do sereno e entra na choça!
Entre quando quiser,
é pequena, mas é nossa.
E na garrafa tem café,
pra esquentar as asas.
roçando o roçado.
Era noite.
Sai do sereno, anjo,
vai pegar um resfriado!
Deixa essa roça!
Veio trazer sementes,
pra plantar no meu quintal.
E plantava.
Sai do sereno e entra na choça!
Entre quando quiser,
é pequena, mas é nossa.
E na garrafa tem café,
pra esquentar as asas.
domingo, 13 de maio de 2012
Mãe
Mãe é coisa inventada por Deus,
que é cheio de invenções.
Criou quando ainda pairava sobre as águas,
lá no começo de tudo,
e viu que era muito bom.
Gostou tanto da ideia que criou uma pra Ele.
Caprichou na feitura,
que só ficou pronta quando o tempo encheu-se de plenitude,
lá para as bandas de Nazaré.
Esperou algum tempo pra ganhar seu primeiro cafuné.
E pra não deixar menino esperando,
resolveu inverter a ordem das coisas.
Mãe agora vem primeiro,
pois mãe é quem gosta de esperar.
E espera por nove meses,
assistindo a barriga inchar.
Inchaço de Amor!
E Deus inchado de orgulho,
contemplando a maravilha que criou.
Ele que entende do assunto,
pois sempre foi Mãe, sendo Pai Criador.
que é cheio de invenções.
Criou quando ainda pairava sobre as águas,
lá no começo de tudo,
e viu que era muito bom.
Gostou tanto da ideia que criou uma pra Ele.
Caprichou na feitura,
que só ficou pronta quando o tempo encheu-se de plenitude,
lá para as bandas de Nazaré.
Esperou algum tempo pra ganhar seu primeiro cafuné.
E pra não deixar menino esperando,
resolveu inverter a ordem das coisas.
Mãe agora vem primeiro,
pois mãe é quem gosta de esperar.
E espera por nove meses,
assistindo a barriga inchar.
Inchaço de Amor!
E Deus inchado de orgulho,
contemplando a maravilha que criou.
Ele que entende do assunto,
pois sempre foi Mãe, sendo Pai Criador.
sábado, 12 de maio de 2012
Passagem
* A todos os profissionais de Enfermagem.
E então o povo
passou pelo meio do mar.
Marítima passagem,
passando da escravidão
para a liberdade.
Na plenitude dos tempos,
quis Deus por este povo passar.
Feito homem,
passante,
passando as pessoas
da enfermidade
para a felicidade.
Sina de enfermeiro,
da enfermagem.
Ensinamento que passou pela Cruz,
passando da morte
para a eternidade.
Lição que perdurou no tempo,
tornando-se profissão.
Ofício de tantos homens
e mulheres,
especialistas em passagens.
Passando enfermos
para outras realidades,
curando dores,
abrindo sorrisos,
fechando chagas.
Sina de enfermeiro,
da enfermagem.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Castanha
Fechei os olhos
e ouvi o bater de asas da rolinha.
Voou na hora da comunhão,
quando não pude comungar.
Senti o cheiro do caju,
com bicho-de-pé e tudo!
Nessa hora,
os anjos assavam castanhas,
debaixo do Cajueiro.
E eu só no sentimento.
Comungando no pensamento,
escorado no cantinho do pátio.
Ei, anjo baixinho,
me dá uma castanha?
Amanhã me confesso!
e ouvi o bater de asas da rolinha.
Voou na hora da comunhão,
quando não pude comungar.
Senti o cheiro do caju,
com bicho-de-pé e tudo!
Nessa hora,
os anjos assavam castanhas,
debaixo do Cajueiro.
E eu só no sentimento.
Comungando no pensamento,
escorado no cantinho do pátio.
Ei, anjo baixinho,
me dá uma castanha?
Amanhã me confesso!
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Poema e Poesia
Peguei o Poema
que estava prestes a voar,
num dos galhos
secos da laranjeira.
E o que ele me fez?
Ah, em Poesia me desfez!
Ferroou-me
com seu ferrão doce!
Adocicado fiquei,
com as mãos cheirando
a laranja madura.
Gripe correu léguas.
Tristeza também.
Poema é bicho
que dá em laranjeira.
Poesia é o adocicado
que ele me dá,
e que não posso
com as mãos tocar.
que estava prestes a voar,
num dos galhos
secos da laranjeira.
E o que ele me fez?
Ah, em Poesia me desfez!
Ferroou-me
com seu ferrão doce!
Adocicado fiquei,
com as mãos cheirando
a laranja madura.
Gripe correu léguas.
Tristeza também.
Poema é bicho
que dá em laranjeira.
Poesia é o adocicado
que ele me dá,
e que não posso
com as mãos tocar.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Desenho Geométrico
Bicho sem coração
é transferidor!
Valei-me, meu Santinho
da dor transferida!
Eu gosto é
da ferida transubstanciada.
Dor transformada
em rios de Amor,
que escorrem
do lado transferido.
Transpassado.
Círculos formados
pelos transferidores romanos.
Pregos romanos.
Cruz ferida
e transferida.
Compasso que
se abre para a Salvação,
circuncidando os pontos
que estavam soltos
na enorme folha de papel.
Folha branquinha,
manchada por uma imensidão
de desenhos geométricos.
Circuncidados.
é transferidor!
Valei-me, meu Santinho
da dor transferida!
Eu gosto é
da ferida transubstanciada.
Dor transformada
em rios de Amor,
que escorrem
do lado transferido.
Transpassado.
Círculos formados
pelos transferidores romanos.
Pregos romanos.
Cruz ferida
e transferida.
Compasso que
se abre para a Salvação,
circuncidando os pontos
que estavam soltos
na enorme folha de papel.
Folha branquinha,
manchada por uma imensidão
de desenhos geométricos.
Circuncidados.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Estouro
Menino, tá falando demais!
Menos é mais.
Nem sempre,
quando é a Graça que faz!
Como frear a Palavra
que me apraz?
Que te apraz?
As porteiras do céu abriram-se
e o Espírito corre
numa manada desenfreada,
levantando a Poeira
que há tempos estava assentada.
Sobe Poeira!
Estouro,
como no dia de Pentecostes!
Quem poderá contê-Lo?
Só o homem,
que é bicho contido.
Menino acha é bonito.
Bota mais boi no pasto,
pra o estouro ser maior!
Estourai!
Menos é mais.
Nem sempre,
quando é a Graça que faz!
Como frear a Palavra
que me apraz?
Que te apraz?
As porteiras do céu abriram-se
e o Espírito corre
numa manada desenfreada,
levantando a Poeira
que há tempos estava assentada.
Sobe Poeira!
Estouro,
como no dia de Pentecostes!
Quem poderá contê-Lo?
Só o homem,
que é bicho contido.
Menino acha é bonito.
Bota mais boi no pasto,
pra o estouro ser maior!
Estourai!
sábado, 5 de maio de 2012
Finanças
Quem me dera entender de finanças.
Mas o Poeta quis
que eu entendesse
somente de esperanças,
aquele bicho verde
que ninguém mais vê.
Não vê porque não quer!
Ele ainda anda por aí,
nas folhas da Mangueira,
no cheiro do Sapoti.
Pisoteado pelos entendedores de finanças,
sabedores de ignorâncias,
esquecedores das verdes lembranças!
Mas o Poeta quis
que eu entendesse
somente de esperanças,
aquele bicho verde
que ninguém mais vê.
Não vê porque não quer!
Ele ainda anda por aí,
nas folhas da Mangueira,
no cheiro do Sapoti.
Pisoteado pelos entendedores de finanças,
sabedores de ignorâncias,
esquecedores das verdes lembranças!
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Nada
Tiraste-me do nada, Homem!
Mas para quê?
Estava eu tão satisfeito,
nadando no Infinito.
Tiraste-me e teceste-me usando os fios de tua barba.
Me fizeste homem com “h” minúsculo,
para diferenciar-me de Ti,
que és todo MAIÚSCULO?
Ou será que o minúsculo da inicial foi uma opção minha?
Não sei!
Delírios de maçã!
Por fim, colocaste em mim o sangue vermelho de tua Realeza.
Ah, quanta nobreza!
Mas para quê, Vossa Alteza?
Quisera eu ter consciência do teu consciente,
inconsciente,
subconsciente.
Onipotente!
Mas para quê?
Não há quem tente.
Ficaria doente.
E descontente!
Resta-me o contentamento da explicação catequética,
aprendida no começo do meu ser gente:
Criaste-me amando, amado, amante.
E isso basta.
Me basta!
Chega de “para quês”!
Chega de “nadas”!
O Amor explica tudo.
O Amor é Tudo.
Mas para quê?
Estava eu tão satisfeito,
nadando no Infinito.
Tiraste-me e teceste-me usando os fios de tua barba.
Me fizeste homem com “h” minúsculo,
para diferenciar-me de Ti,
que és todo MAIÚSCULO?
Ou será que o minúsculo da inicial foi uma opção minha?
Não sei!
Delírios de maçã!
Por fim, colocaste em mim o sangue vermelho de tua Realeza.
Ah, quanta nobreza!
Mas para quê, Vossa Alteza?
Quisera eu ter consciência do teu consciente,
inconsciente,
subconsciente.
Onipotente!
Mas para quê?
Não há quem tente.
Ficaria doente.
E descontente!
Resta-me o contentamento da explicação catequética,
aprendida no começo do meu ser gente:
Criaste-me amando, amado, amante.
E isso basta.
Me basta!
Chega de “para quês”!
Chega de “nadas”!
O Amor explica tudo.
O Amor é Tudo.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Chá
Não gosto de chá mate.
Acho muito chamativo.
Gosto de Capim Santo,
Espírito Santo.
Gosto de chá vive e
de Água de Batismo.
Aquela que infunde.
Tomo uma xícara
todos os dias,
ao cair da tarde.
Água das cinco.
Doutor disse que é bom
pra curar banzo.
Disse, soprando
nos meus ouvidos.
E depois falou assim:
“Ide!”
Fui,
indo,
tomando,
fazendo,
oferecendo,
chá-mando.
Acho muito chamativo.
Gosto de Capim Santo,
Espírito Santo.
Gosto de chá vive e
de Água de Batismo.
Aquela que infunde.
Tomo uma xícara
todos os dias,
ao cair da tarde.
Água das cinco.
Doutor disse que é bom
pra curar banzo.
Disse, soprando
nos meus ouvidos.
E depois falou assim:
“Ide!”
Fui,
indo,
tomando,
fazendo,
oferecendo,
chá-mando.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Arrebatado
Nasci de uma Maria e de um José.
Será que vou ser arrebatado nesta esquina?
Ou crucificado no sopé?
A aparência das carruagens de fogo me assusta!
Medo de queimadura!
Assombro de menino
que se queimou no tacho de castanhas.
Ventos Eliasos sopram no Equador.
E no meio-fio também!
Peso de Cruz nas costas.
Ou serão asas?
O anjo é quem sabe!
Guarda-costas.
Gelo na espinha.
Frio de peixe fisgado.
Calor de Filho escolhido.
Expectante.
Galopes ecoam no final da rua...
Será que vou ser arrebatado nesta esquina?
Ou crucificado no sopé?
A aparência das carruagens de fogo me assusta!
Medo de queimadura!
Assombro de menino
que se queimou no tacho de castanhas.
Ventos Eliasos sopram no Equador.
E no meio-fio também!
Peso de Cruz nas costas.
Ou serão asas?
O anjo é quem sabe!
Guarda-costas.
Gelo na espinha.
Frio de peixe fisgado.
Calor de Filho escolhido.
Expectante.
Galopes ecoam no final da rua...
terça-feira, 1 de maio de 2012
Que Deus cresça
E agora, José?
Quem sou eu pra começar assim?
Atrevimento de menino!
Somente os Poetas começam assim.
Sou só um qualquer,
com manias de José.
Fruto de um José.
Operário.
Carpinteiro,
acostumado a tirar
lágrimas da Madeira.
Com a ponta do martelo
e do serrote.
Eu que não sei de solstícios,
e nem de equinócios,
quanto mais de outros negócios!
Só entendo de Chuvas,
que regam a terra onde
enterrei o osso do ócio
e onde plantei um pé de Deus.
E que Ele cresça!
Quem sou eu pra começar assim?
Atrevimento de menino!
Somente os Poetas começam assim.
Sou só um qualquer,
com manias de José.
Fruto de um José.
Operário.
Carpinteiro,
acostumado a tirar
lágrimas da Madeira.
Com a ponta do martelo
e do serrote.
Eu que não sei de solstícios,
e nem de equinócios,
quanto mais de outros negócios!
Só entendo de Chuvas,
que regam a terra onde
enterrei o osso do ócio
e onde plantei um pé de Deus.
E que Ele cresça!
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