terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vida












Esse tempo,
Esse Vento,
Esse banco,
Esses passarinhos...
Ah, como é bom viver assim!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Andanças











O Sol nasce forte, majestoso.
O vento sopra rumo Leste.
E meu barco segue nesta direção.
Cheiro bom de mar.

Navego tanto para o Leste
Que alcanço o Oeste.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...
Nem sei quantos mares atravesso.

Sem perceber, desenho a linha do Equador.
Terras médias, pequenas e grandes,
Lares, ruas e bares.
Muitas pessoas conheço:
Mocinhos e vilões,
Monstros e aberrações.
Espadas, escudos, canhões,
Guerra e Paz!
Ah, como é bom virar a página!

No mundo mundo vasto mundo drummondiano vou passando,
Clariciando as idéias,
Quintanando a alma,
Hasteando bandeiras manuelais,
Afernandando pessoais,
Viniciando as morais e o Moraes,
Até chegar as Minas da imaginação,
Ou quem sabe as Gerais adeliais,
Apanhando, com mãos secas, cacos de vitrais.

Entrando em clima de oração,
Me transporto a Terra Santa,
Santa Terra que encanta.
Terra de Maria e de José.
Terra de uma Cruz que se levanta
E de outras que declinam.
Terei eu vindo buscar a minha?
Não importa.
Basta o Jesus que me ama.

Leitura, Meditação, Oração, Contemplação,
Lectio divina e humana.
Sagradas escrituras,
Terrenas aventuras.

E depois de todas estas andanças,
Olho para o relógio e tomo um susto!
Fecho agora o livro e apago a luz.
Hora de dormir,
Amanhã tenho que acordar cedo.
Boa noite!

Noite












Afasta-te, Noite
Que pra mim tu és um açoite!
Tu, cheia dos teus negrumes,
Das tuas escuridões.
Prefiro a escuridão amena do dia que amanhece.

Há apenas uma noite que me encanta,
Aquela quando tu te vestes de Luz,
Para aguardar o nascimento do Menino Jesus.
Magnífica Noite!
E bendito seja Deus por permitir que tu te vistas assim todos os anos,
Nos finais de Dezembro.

Por que não te vestes assim todas as noites?
O dia amanheceria melhor,
As pessoas amanheceriam melhores,
O mundo amanheceria melhor.

Noite feliz,
Dia feliz,
Pessoas felizes,
Mundo feliz!

Morte









A morte é uma nave espacial
Tripulada pelos Santos Anjos,
Comandada pelo Arcanjo Miguel,
Que nos conduz ao Paraíso escondido lá no Céu.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sina












Ah, Sina,
Ensina-me a ser Cristão

Ensina-me a despertar os irmãos
Adormecidos na vigília da noite

Ensina-me a dobrar os joelhos
Para melhor orar minhas orações

Ensina-me a beber dos cálices
Que não podem ser afastados

Ensina-me a suportar as supremas angústias
Ladeadas pelos azeites das ilusões

Ensina-me a suportar os falsos beijos
Dados em troca das pratas do mundo

Ensina-me a suportar as traições da vida
Provindas daqueles que amo

Ensina-me a suportar os açoites
Que arrancam pedaços da minha carne

Ensina-me a usar a coroa de espinhos
Que adorna as cabeças dos escolhidos

Ensina-me a suportar os injustos julgamentos
Que lavam mãos, mas não lavam corações

Ensina-me a carregar a Cruz
Que pende nas minhas costas

Ensina-me a caminhar pelo Calvário
Com os pés carentes de calçados

Ensina-me a levantar das quedas
Ainda que falte um Cirineu

Ensina-me a suportar os pregos do madeiro,
Antes estes àqueles que me prendem ao chão

Ensina-me a reconhecer a bondade
Dos tidos como malfeitores

Ensina-me a entranhar os vinagres
Que me servem para saciar minha sede

Ensina-me, sobretudo, a perdoar
aqueles que gritam: Crucifica-o! Crucifica-o!

Ensina-me, Sina, todas estas coisas.
E quando o último suspiro de minha humanidade
Estiver prestes a suspirar,
Quando a entrega do meu espírito
For tudo o que eu puder entregar,
Quando tu, ó Sina, se completar...
Cansaço, choro, murmuração?

Não!
Regaço, Consolo, Salvação!
O final de todas as coisas,
Final que não tem fim.
De uma vida de passagens
A uma Vida de ficagens
Eis a Sina do Cristão.

Prece












Senhor,
Hoje venho Te pedir:
Dá-me a graça de escrever,
De botar pra fora o que o Senhor quer ao mundo dizer,
De manchar o papel com as palavras que pulsam nas veias,
De deixar legível o ilegível do pensamento.

Senhor,
Por fim, quero também agradecer,
Pois não sou homem só de pedir:
Obrigado, Pai, pelo dom da leitura,
Pois ele me auxilia no que Te peço agora:
O dom da escrevedura.
Amém!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gaiola










Passarinho,
Por que está triste?
É por causa do homem
Que não te deixa sair?

Ah, homem atribulado
Não vês o teu coração engaiolado?
Deixa o Passarinho sair,
Deixa Ele ser Pássaro,

Ser Sopro,
Ser Fogo,
Ser Espírito,
Ser Santo.

Deixa Ele voar,
Deixa Ele te dar asas.
Deixa Ele ser Espírito Santo
Que te leva a Deus.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Formiga









Que bicho é esse
Que paira sobre a minha cabeça?
Será uma idéia
Querendo sair?

É só uma formiga
Que asas criou
Anúncio de chuva
Pra um sertão que já secou.

Ó formiga amiga,
Com asas agraciada
Quem foi que te deu?
Foi o pássaro ferido?
Ou foi graça alcançada?

Ah, formiga amiga
Intercede por mim
Pra que eu também crie asas
E voe contigo
Sobre as cabeças que não tem nada.

Herói

Hoje acordei com sede de salvar o mundo. De levantar da cama num salto, vestir uma capa vermelha e riscar os céus em altíssimas velocidades, em busca das vítimas indefesas das intempéries da humanidade.

Mas não tenho super poderes. Não sei voar. Não alcanço grandes velocidades. No máximo uma corridinha. Breve, sem exageros. O médico disse que não posso abusar. A hipertensão que recebi de herança já bate à minha porta.

Também não tenho capa, nem máscaras. Não sou um super herói. Sou, no máximo, um herói. Anônimo. Igual a tantos outros por aí. Sem capas. Sem máscaras. Mas com um desejo ardente de ajudar, de lutar, de salvar.

E vou ajudar, vou lutar, vou salvar, armado com papel, caneta e com a força da palavra. Conto com o auxílio da Graça, que me torna super. Com Ela, posso voar, posso chegar às enormes distâncias. Posso, até, penetrar a mais intransponível das fortalezas: o coração do homem.

Convoco agora todos os heróis espalhados pelo mundo a lutar. E começo esta luta dizendo: Hoje acordei com sede de salvar o mundo...

Salvação

* A Amanda












Naquele tempo, a Salvação entrou no mundo
Na forma de um Menino,
Por meio de uma Mulher.
Naquele dia, a Salvação entrou no meu mundo
Na forma de um Menino,
Por meio de uma mulher.

Naquele tempo, o Menino cresceu
Apareceu, pregou, curou, transformou, renovou,
Amou! E por amor, se entregou
Numa Cruz pereceu
E numa Luz renasceu
Para nunca mais perecer
O Menino chamado Amor.

A partir daquele dia, o Menino cresceu,
Apareceu, caminhou, curou, transformou, renovou
Nas asas de uma borboleta se confirmou
De uma Cruz nasceu
Em sua Luz se fortaleceu
Para nunca mais perecer
O Menino chamado Amor.

Hoje, o Menino adulto
Nos conduz nos caminhos do namoro maduro
Dando à mulher, sua genitora, a graça de ser Maria
E a mim, o pai adotivo, a graça de ser José.
E a esta mulher, presente do Menino,
Companheira para toda uma vida,
Dedico uma imensidão de agradecimentos.

E dessa lista interminável de obrigados,
Respeitando a cronologia dos fatos,
Escrevo a ladainha abaixo:

Obrigado por ser desconhecida,
Obrigado por ser conhecida,
Obrigado por ser amiga,
Obrigado por ser caminhante,
Obrigado por ser borboleta,
Obrigado por ser namorada,
Obrigado por ser Maria,
Obrigado por ser Jesus,
Obrigado por ser Salvação,
Obrigado por ser amada,
Obrigado por ser Amanda.

Partida











É chegada a hora,
O último pau-de-arara vai partir. 
Tristeza para os que ficam,
Alegria para os que vão. 

Aos que ficam, como eu, 
Que possamos chorar a dor da saudade. 
Mas que esta dor não se perpetue. 
Que possamos chorar no tempo que é para chorar 
E sorrir no tempo que é para sorrir. 
Afinal, devemos nos alegrar com a felicidade dos que vão. 

Que a tristeza, provocada pela dor da saudade, 
Não nos esconda esta realidade: 
Eles vão felizes, a Casa, a Pátria, a Deus, Adeus!

Praia










Vi uma praia,
A minha praia.
Vi Cristo sorrindo, 
De braços abertos, 
Olhando para mim. 

Ele me abraçou 
E me mostrou, 
Atrás dEle, 
Na areia da praia, 
Um parágrafo, 
O começo de minha história a partir de então. 

Estava em letras graudas, 
Mas não consegui ler o que estava escrito.
Preocupei-me com as ondas
Obstinadas a apagar tudo.

Para meu consolo,
Jesus disse:
Filho, te preocupas em vão,
Tua história está gravada em meu coração.

Suave Presença

Onde está o meu coração? Está em Jesus, está em Maria. Sob os cuidados dos dois. Minha vontade humana é de abandonar tudo. De largar tudo. De ir embora. Viver no meio dos outros está sendo muito difícil. Não consigo sentir nada. 

Mas algo me impede de ir. Sei que neste meu momento de fraqueza, a Graça de Deus abunda em mim, através do Coração de Jesus e da presença constante da Mãe.

E, falando nela, sua doce companhia nunca foi tão sentida. A Mãe que me conduz ao Filho. A Mãe que me protege do leão que me cerca, querendo aproveitar-se de meu momento de fraqueza. É principalmente através dela que a Graça chega nestes tempos ao meu coração. Ela, que neste momento está ao meu lado, sentada neste banco, afagando minha cabeça por meio do vento que bagunça os meus cabelos. Suave presença que me faz chorar. Canal de Graça que Deus usa hoje para chegar ao meu coração. Caminho de Graça que me leva ao Seu Coração.

Anjo












Vi um anjo
Muito alto
Manto longo
Asas enormes
Cabelos compridos. 

Eu estava numa clareira
Ele descia dos céus na minha frente
Possuía uma espada na mão direita 
E queria dar-me algo. 

Despertava em mim um grande temor 
Imponente
Radiante
Grandioso.

O que me deu?
O que recebi?
Ainda não sei
Procuro descobrir.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ciranda (da Trindade)












No princípio de tudo, o Pai criou tudo
Inclusive nós, que achamos que somos tudo
E fazemos de tudo para termos tudo
Esquecendo-nos que somente o Pai é Tudo
E que tudo é do Pai.

Na plenitude dos tempos
O Pai, que é Tudo, nos enviou o seu Filho,
Que é Único, que é Tudo,
Pra nos mostrar que só o Pai é Tudo
E que o nosso tudo é nada, sem o Pai.

Nós, cheios de tudo,
Não reconhecemos o Filho,
Que é Pleno, que é Tudo,
Achando que Ele não fosse nada
E que nada poderia fazer por nós.

Ele, cheio de Tudo,
Fez-se um Nada,
Para nos ensinar
Que é preciso ser um nada
Para se chegar ao Tudo.

O Filho, sendo um Nada,
Entregou-se àqueles
Que se achavam um tudo,
Obedecendo a vontade do Tudo,
Para salvar a todos.

E como um Nada, morreu numa Cruz
No meio dos que não eram nada
E como um Tudo, venceu a morte
Ressuscitando e aparecendo aos poucos
Que O reconheceram como o Tudo.

Subiu aos Céus, está com o Pai
E enviou o seu Espírito,
Que é Santo, Que é Tudo,
Para nos ensinar a sermos santos,
Sendo nada, conquistando assim o Tudo.

E na nova plenitude dos tempos,
Quando o tudo virar nada,
O Filho voltará, com a Glória do Pai
Para assim pôr termo a esta Ciranda,
A Ciranda da Trindade,
Para outra Ciranda começar.

Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar...